A extrapolação de tendências de curto prazo geradas por alguma novidade (ex.: mudança tecnológica) para o futuro de forma indefinida é um comportamento típico que pode levar a exageros de percepção e de precificação de ativos. As bolhas de preço são formadas desta forma. Há evidências desde o século XVII de que as bolhas na maioria das vezes começam a partir de alterações reais de fundamentos, muitas vezes ligadas a mudanças tecnológicas. Em fase inicial, os que reconhecem cedo estas mudanças, tanto investidores de longo prazo quanto participantes de mercado em busca de ganhos mais rápidos, se posicionam primeiro. Conforme o entendimento sobre as novas tendências vai se disseminando, as compras aumentam e, com elas, as ações de empresas beneficiadas por essas tendências se valorizam, entram no radar de um número maior de participantes e se tornam ações “da moda”.
A inovação tecnológica combinada com juros baixos que incentiva a tomada de risco é o receituário propício para exageros de percepção e formação de bolhas nos preços dos ativos. Isso não quer dizer que já estejamos observando, nem que necessariamente caminharemos para a formação de bolhas de preços no atual momento. No entanto, acreditamos que na conjuntura pós pandemia, o estudo e a compreensão de duas dinâmicas, será mais importante do que em qualquer outro período nas últimas décadas: (i) a dinâmica que rege a evolução dos ciclos de preço de ativos até as situações extremas típicas de bolhas, para entender em que ponto do ciclo nos situamos a cada momento; e (ii) a compreensão sobre as mudanças tecnológicas que alimentam as expectativas sobre as ações que se beneficiam dessas novas tendências, para manter uma percepção sólida sobre fundamentos e evitar ser contaminado por modismos.