Warren Buffet costuma dizer que o investidor de longo prazo nos E.U.A. pode se apoiar na convicção de que está se expondo a um sistema econômico que “funciona”. Este sistema é baseado em instituições sólidas e governança bem estabelecida há 230 anos. Já por aqui, vivemos de susto em susto a cada três ou quatro anos. Se tratando de Brasil, a única convicção que podemos formar é a de que estamos apoiados em um sistema econômico propenso a acentuar distorções e que “não funciona” adequadamente. Por um lado, este sistema econômico complexo, burocrático e distorcido impõe um enorme custo à nossa sociedade em forma de ineficiência, baixo crescimento, amplificação das desigualdades com produtos e serviços caros. Por outro, ele desencoraja a concorrência e serve como grande proteção para quem consegue estabelecer alguma vantagem competitiva. Empreender no Brasil é uma atividade heroica, mas quem obtém sucesso e consegue se estabelecer passa a ter ao seu favor um ambiente hostil aos novos entrantes e à concorrência. É como se o árbitro só apitasse falta do adversário.
Nesse cenário, temos por filosofia começar nosso processo de análise de qualquer empresa por um questionamento muito simples: Quais são suas vantagens competitivas? Acreditamos que conseguindo responder esta pergunta temos melhores chances de entender o que está por vir e como as empresas nas quais investimos conseguirão gerar valor para seus acionistas no futuro.
A tabela da imagem 2, mostra com clareza como empresas com vantagens competitivas claras se destacam em relação às concorrentes dentro de seus setores de atuação. Mesmo em um período em que o país estava começando a se recuperar da depressão econômica causada pelo governo que o antecedeu, a tabela mostra a taxa de crescimento anual composta dos setores em comparação com as empresas com diferenciais competitivos entre 2016 e 2019.